Descubra a Verdade por Trás dos Sorvetes Fitness”
Veja o que está por trás do uso de ingredientes como IMO, polióis e adoçantes alternativos
Nos últimos anos, uma nova tendência tem conquistado o mercado de sobremesas no Brasil: o chamado gelato saudável. Sorvetes anunciados como sorvete sem açúcar, sem lactose, sem glúten e “sem culpa” têm ganhado espaço nas vitrines, nas redes sociais e no paladar de consumidores que buscam uma alimentação mais leve. A promessa parece irresistível: saborear um doce gelado, supostamente funcional e amigo da saúde. Mas será que tudo isso é realmente verdade?
Neste artigo, vamos explorar o que está por trás dessa tendência, analisando ingredientes como o isomalto-oligossacarídeo (IMO), a comunicação das marcas e o impacto que esses produtos podem ter sobre a saúde e o metabolismo.

Gelato saudável é verdade ou mito?
A palavra “saudável” tem sido usada como estratégia de marketing sem qualquer fundamentação científica ou regulamentação técnica. No Brasil, não existe um disciplinar oficial para produtos saudáveis. Termos como “fit” ou “zero” podem ser usados desde que respeitem critérios mínimos definidos pela ANVISA. No entanto, essas alegações não exigem necessariamente comprovação clínica ou laudos laboratoriais individualizados, o que abre espaço para abusos na comunicação. Sem um controle técnico rigoroso, o que se vê muitas vezes são rótulos chamativos sem respaldo científico real.
Isso abre espaço para o que chamamos de marketing enganoso, alimentado pela falta de conhecimento técnico por parte do consumidor.
Gelato saudável e lista de ingredientes ocultos
Frases como “100% saudável”, “liberado para diabéticos”, “zero impacto glicêmico” são comuns. No entanto, a maioria dessas marcas não divulga a lista completa de ingredientes nem os valores nutricionais reais.
Quando o consumidor pergunta, descobre que foram utilizados adoçantes naturais como:
- IMO (isomalto-oligossacarídeo)
- Eritritol
- Stevia
- Taumatina
- Xilitol
- Polidextrose
Apesar do discurso de naturalidade, é importante destacar que a polidextrose é uma fibra 100% sintética, criada em laboratório e inexistente na natureza. Ou seja, está longe de ser um ingrediente “natural”.
Índice glicêmico vs. carga glicêmica: ponto cego das marcas
Pouco (ou nunca) se menciona o índice glicêmico e, principalmente, a carga glicêmica dessas sobremesas. Ingredientes como xarope de tâmara, açúcar de coco e mel possuem alto teor de frutose ou glicose, impactando diretamente na glicemia.
Gelato saudável para diabéticos? Nem sempre. A carga glicêmica — que leva em conta a quantidade de carboidrato disponível em uma porção — é crucial para esse público. Substituir o açúcar por outro tipo de açúcar não transforma automaticamente o produto em algo seguro ou saudável. Para que um alimento possa ser declarado seguro para diabéticos, ele deveria apresentar respaldo técnico, estudo clínico ou validação por profissional de saúde. Alegações desse tipo, sem comprovação, configuram potencial publicidade enganosa segundo o Código de Defesa do Consumidor e as normas da ANVISA.

Gelato saudável feito por quem?
Outro ponto crítico é a ausência de profissionais qualificados por trás dessas formulações. Muitas vezes, os produtos são desenvolvidos por pessoas sem formação em nutrição, ciência dos alimentos ou tecnologia de ingredientes.
Ou seja: estamos diante de diletantes que não dominam as bases da crioscopia, reologia ou impacto metabólico dos ingredientes. O resultado? Produtos instáveis, desbalanceados e potencialmente prejudiciais à saúde.
IMO: adoçante natural ou fonte de açúcar disfarçada?
O isomalto-oligossacarídeo (IMO) é um carboidrato funcional, parcialmente digerível, com propriedades prebióticas moderadas. Em versões mais puras (IMO-90), tem menor impacto glicêmico. Já o IMO-50 — muito usado na indústria — contém maltose e glicose livres, o que pode elevar a glicemia.
Estudos clínicos mostraram que doses elevadas de IMO podem causar picos glicêmicos e insulinêmicos semelhantes ao açúcar comum. Além disso, podem ocorrer sintomas como inchaço, gases e desconforto intestinal.
IMO não é reconhecido como fibra
- Nos Estados Unidos, a FDA rejeitou o uso do IMO como fibra por falta de comprovação científica de benefícios à saúde;
- Na Europa, a EFSA também não considera o IMO uma fibra, mas sim uma fonte de glicose.
Ou seja, o IMO é classificado como carboidrato — e não como fibra — nas principais legislações internacionais.
Fontes científicas:
- PMC.NCBI.NLM.NIH.GOV
- ALEXLEAF.COM
- PREBIOTICASSOCIATION.ORG
- DELIMFG.COM
- CHINABAILONG.COM
- ORBIT.DTU.DK
Moon Sugar e o alerta da ANVISA
Em dezembro de 2024, a ANVISA publicou a Resolução-RE nº 4.812, determinando medidas cautelares contra produtos classificados como “adoçantes saudáveis”. Um caso emblemático foi o do Moon Sugar, interditado por:
- Alegações enganosas (como “seguro para diabéticos”);
- Ausência de registro sanitário;
- Indícios de eventos adversos à saúde.
Esse episódio reforça a importância de uma regulamentação séria e científica sobre o uso de adoçantes em alimentos rotulados como saudáveis.
O que dizem os consumidores?
Os comentários variam bastante:
Positivos:
- “Muito leve e cremoso!”
- “Perfeito para minha dieta low carb.”
Negativos:
- “Me deu dor de barriga.”
- “Muito doce e com gosto artificial.”
- “Tive gases e sensação de estufamento.”
Essas reações mostram que misturar adoçantes, polióis e fibras sem conhecimento técnico pode gerar desconforto e riscos reais.
Conclusão: o gelato saudável precisa de mais ciência
O “gelato saudável” é uma proposta interessante — mas ainda muito distante da realidade. A ausência de regulamentação, de transparência e de respaldo científico transforma o conceito em mais um modismo do que em uma verdadeira inovação alimentar.
Antes de confiar em promessas como “zero impacto” ou “liberado para diabéticos”, exija a lista completa de ingredientes, o laudo nutricional e a transparência técnica de quem produz.
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